O Dia Nacional da Mobilização Pró-Saúde da População Negra é comemorado em 27 de outubro. A uma semana desta data, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), juntamente com a Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), apresentaram à comunidade o primeiro boletim epidemiológico dedicado exclusivamente à população negra. A edição é um recorte feito em cima de pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde (MS).
Alguns dados são preocupantes, tendo em vista que mais de 50% da população brasileira é da raça negra, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A saúde apresenta-se de forma deficitária e é de difícil acesso para essa grande parcela da comunidade. De acordo com a coordenadora da Área Técnica de Saúde da População Negra (Assepla), Elaine Soares, existem muitas diferenças entre os vários tipos de etnias. "O que os técnicos da saúde devem saber é como agir com as diferentes raças que formam nossa sociedade", explica. "Saber lidar com respeito, igualdade, atender e preencher os questionários que futuramente ajudarão a traçar metas e diretrizes para melhorar a saúde da população negra, é essencial", considera a coordenadora.
Outro fator a ser analisado é que a raça negra, por questões genéticas, é mais suscetível a doenças como diabetes tipo 2 e hipertensão, o que merece uma atenção maior por parte das autoridades médicas.
Segundo a pesquisa, os números apresentados em Porto Alegre já são compatíveis com os índices da saúde na África do Sul. Na faixa etária compreendida entre 15 e 24 anos, as causas externas - homicídios, acidentes, entre outras - são o conjunto de situações responsáveis pelas altas taxas de mortalidade. Sendo que o homicídio constitui o motivo mais frequente das mortes entre os negros. Numa comparação, a cada 10 mil habitantes, 70 mortos são caucasianos, enquanto que no mesmo número de pessoas da raça negra, os índices de homicídios passam para 160.
Em outra relação, no que diz respeito ao local de nascimento, 90% da população negra nasce pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No caso dos brancos esse número é de 69,5%. Os outros dados complementares a esses números são de nascimentos que não são pelo SUS nem em locais privados. Muitos nascem de outras formas.
Além disso, crianças negras, entre um e quatro anos, morrem três vezes mais do que as brancas da mesma faixa etária por doenças infecciosas e do aparelho respiratório. A mortalidade entre mulheres negras em idade fértil também é maior do que entre brancas.
Desde 2000, está em vigor a lei municipal que estabelece a inclusão dos itens de raça e etnia nos dados cadastrais da população junto à prefeitura.
A inserção do quesito raça/cor nos documentos da SMS foi incorporado seguindo os dados utilizados pelo IBGE: branco, amarelo, indígenas, preto e pardo. A ausência dessas informações prejudica a formulação de pesquisas e análises que ajudem a reduzir esses índices. "O racismo, o preconceito e o não acesso dos negros aos bens e serviços aumenta as altas taxas de mortes e epidemiologias", destaca Simone Cruz, presidente da Associação Cultural das Mulheres Negras.
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