Barbie, a boneca mais famosa do mundo, foi lançada oficialmente no dia 9 de março de 1959. A boneca instituiu novos padrões de beleza: cintura fina, seios grandes, loira de olhos azuis. Pressionada por diversas entidades, entre elas as de africanos e afro-descendentes, foi criada a primeira boneca negra, Christie em 1969. Porém, nunca fugiu do padrão da cintura fina, criando, um novo perfil estético mundial, o qual até hoje se estabelece na vida de todas as mulheres que, desde criança, já se espelham na nova ordem de beleza.
Foi nessa mesma data, 9 de março de 1969, que dona Arlinda Rosa Pereira deu à luz a uma menina completamente oposta às características físicas da Barbie. Ao contrário da loira de cabelos longos e lisos, olhos azuis, pele clara, Lorena Celi Pereira leva consigo os traços de uma afro-descendente, cabelos crespos, olhos negros e a pele escura. Na época, Arlinda não tinha onde deixar a filha ainda criança Foi, então que começou a levá-la junto ao trabalho: era doméstica na casa de uma família muito rica. Lorena cresceu com o sonho de ter uma boneca Barbie, pois as filhas da dona da casa, onde Arlinda trabalhava, nunca deixaram Lorena brincar com a Barbie.
Aos 15 anos, Lorena teve de parar de estudar, pois sua mãe estava muito doente e sem condições de trabalhar. Assim, foi em busca de um emprego. Tornou-se passadora de cola em uma grande exportadora de calçados. Passaram-se mais de 12 anos e continuava no mesmo emprego. Um dia, seu chefe deu-lhe uma grande notícia: com seu desempenho, não seria mais passadora de cola, mas sim secretária da presidência da exportadora, ganhando mais do que o dobro. Muito contente, foi correndo contar para sua mãe que a esperava com um presente. Foi, então que após 15 anos, ganhou sua sonhada Barbie. Como secretária da exportadora, Lorena lidava com pessoas da alta sociedade e foi assim que conheceu seu atual marido, um empresário muito importante.
A cultura afrodescendente sempre foi muito criticada por seus rituais e costumes. Entretanto, é mantida na maioria das famílias de origem negra, pois preservam seus costumes e, acima de tudo, valorizam a arte e a natureza. E assim, Lorena acredita que seu papel é passar tudo isso para a sociedade gaúcha... "Minha vida, depois de 47 anos de muita luta e sofrimento, hoje são recompensados ao olhar nos olhsos de cada criança carente", diz ela. Lorena tem o orgulho de poder lhes dar o que não teve. Por isso, Lorena é um exemplo de cidadã que fez, e continua fazendo, a diferença na sociedade gaúcha.
Autora: Gicélia Almeida Bitencourt, Victória Triay
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