Se ser mulher, no mercado de trabalho, já representa ganhar um salário 30% inferior ao recebido por um homem, para uma trabalhadora negra brasileira significa ainda ter vencimentos 66% menores. Os dados são da Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras. Problema arraigado na sociedade, esse tipo de preconceito contra a mulher negra se esconde atrás do medo de denunciar a diferença vivida no local de trabalho e no fato de que, para muitos, essa é uma situação normal.
É contra esses aspectos que a procuradora do Trabalho Márcia Medeiros de Farias, do Núcleo de Proteção à Dignidade do Trabalhador, considera que a campanha lançada pelo Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT/RS) pretende lutar. Os outdoors da ação já estão nas ruas da Capital.
Segundo o MPT, no Brasil, quatro em cada dez mulheres negras não têm emprego e elas exercem apenas 0,3% dos cargos de gerência nas empresas. Os seus salários são 45% menores do que os de uma trabalhadora branca.
"A grande maioria da sociedade ainda faz de conta que esse problema não existe no cotidiano", constatou a procuradora do Trabalho. As denúncias que chegam ao MPT/RS ainda são em número reduzido. "Não devem representar nem 1% das situações de discriminação vividas por elas no mercado de trabalho", estimou Márcia de Farias.
Por isso, a intenção da campanha será mostrar o problema para a sociedade e provocar uma discussão sobre o tema. A procuradora conta que ainda são comuns os anúncios de vagas de emprego em que se pede candidatos de "boa aparência". "A maior parte dos trabalhadores negros já sabe que, quando um anúncio faz essa citação, a vaga pede, nas entrelinhas, uma pessoa branca", afirmou.
Segundo a procuradora do Trabalho, há atualmente centenas de procedimentos instaurados no Ministério Público do Trabalho do Estado a partir desse tipo de anúncios.
Fonte: Jornal Correio do Povo
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