Ocorreu ontem à tarde, no auditório do Ministério Público, em Porto Alegre, a palestra da pesquisadora norte-americana Elisa Larkin Nascimento sobre o tema da afro-brasilidade. Durante mais de duas horas, foram tratados temas ligados à importância da cultura negra no Brasil e no mundo e ao racismo.
"A afrobrasilidade é a atitude que identifica a ascendência africana no Brasil e sua tradição, mas que, devido a atitudes racistas, acaba sofrendo com certa resistência", explicou Elisa. Ela ressaltou a importância da obrigatoriedade do ensino da cultura africana nas salas de aula como maneira de "corrigir os equívocos decorrentes de contextos racistas do passado". "Precisamos entender o país como um todo para nos situar melhor no mundo."
Elisa destacou que o processo racista vai além do ato de segregação, se constituindo em um conjunto de ideias e atitudes que pode deformar o pensamento das pessoas. "Temos que deixar de ver o povo negro como escravo. Muitos povos brancos já foram escravizados também."
Essa postura prejudicaria, inclusive, o aproveitamento das crianças nas escolas, já que, segundo Elisa, geralmente as instituições não têm a mesma expectativa diante de crianças negras e brancas. "Os estudantes negros muitas vezes acham que não podem almejar o diploma de médico ou engenheiro." Entretanto, a partir de conceitos modernos como a afrocentricidade, que avalia a importância dos africanos no contexto mundial, esses povos começam a ser protagonistas de sua própria história.
Elisa contou que está desenvolvendo um projeto relativo ao acervo de Abdis Nascimento, militante do Movimento Negro e um dos fundadores do teatro experimental na década de 1940. Parte do material já foi digitalizado e será disponibilizado a partir de 7 de junho.
Fonte: Jornal Correio do Povo
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