quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A influência das línguas africanas no português do Brasil

A língua de um povo é o reflexo dele mesmo, mas vertido em sons e palavras. Através dela nos expressamos e manifestamos nossa própria existência. E a nossa língua portuguesa é resultado de muitas e diversas existências, dentre elas, a do negro africano. Ainda que uma existência difícil – esta que veio carregada pelos braços hostis da escravidão –, é rica e forte, poderosa de incutir na cultura do colonizador, dar-se com ela e sintetizar o que hoje conhecemos como genuinamente brasileiro.

Tão corriqueiro, mas um verdadeiro pilar da nossa identidade, a língua e seus contornos nos passam despercebidos e sua importância pode equivocadamente parecer pouca. Merecem então um olhar mais atento as raízes da nossa língua.

Detivemo-nos às africanas, partindo da sua origem até suas aplicações, ressaltando palavras que delas herdamos e observando as peculiaridades de sua construção.

Tanta riqueza não deve manter-se escondida, é preciso tê-la sabida e passá-la o prestígio que merece.
Abaixo algumas palavras muito conhecidas do nosso vocabulário:

Palavras de origem banta:



BAGUNÇA – desordem, confusa, baderna, remexido.

BANZÉ – confusão, barulho.

BATUCAR – repetir a mesma coisa insistentemente.

BELELÉU – morrer, sumir, desaparecer.

BERIMBAU – arco-musical, instrumento indispensável na capoeira.

BIBOCA – casa, lugar sujo.

BUNDA – nádegas, traseiro.

CACHAÇA – aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação do mel ou barras do melaço.

CACHIMBO – pipo de fumar.

CAÇULA – o mais novo dos filhos ou irmãos.

CAFOFO – quarto, recanto privado, lugar reservado com coisas velhas e usadas.

CAFUNÉ – ato de coçar, de leve, a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para provocar o sono.

CALANGO – lagarto maior que lagartixa.

CAMUNDONGO – ratinho caseiro.

CANDOMBLÉ – local de adoração e de práticas religiosas afro-brasileiras da Bahia.

CANGA – tecido utilizado como saída-de-praia.

CANGAÇO – o gênero de vida do cangaceiro.

CAPANGA – guarda-costas, jagunço.

CAPENGA – manco, coxo.

CARIMBO – selo, sinete, sinal público com que se autenticam os documentos.

CATINGA – cheiro fétido e desagradável do corpo humano, certos animais e comidas deterioradas.

CHIMPANZÉ – espécie muito conhecida de macaco.

COCHILAR (a ortografia correta deveria ser coxilar) – dormir levemente.

DENDÊ – palmeira ou fruto da palmeira.

DENGUE – choradeira, birra de criança, manha.

FUNGAR – aspirar fortemente com ruído.

FUZUÊ – algazarra, barulho, confusão.

GANGORRA – balanço de crianças, formado por uma tábua pendurada em duas cordas.

JILÓ – fruto do jiloeiro, de sabor amargo.

MANDINGA – bruxaria, ardil, mau-olhado.

MARIMBONDO – vespa.

MAXIXE - fruto do maxixeiro.

MINHOCA – verme anelídeo.

MOLEQUE – menino, garoto, rapaz.

MOQUECA – guisado de peixe ou de mariscos, podendo também ser feito de galinha, carne, ovos etc.

MUCAMA – criada, escrava de estimação, que ajudava nos serviços domésticos e acompanhava sua senhora à rua, em passeios.

QUIABO – fruto do quiabeiro.

QUILOMBO – povoação de escravos fugidos.

SENZALA – alojamentos que eram destinados aos escravos no Brasil.

SUNGA – calção de criança.

TANGA – tapa-sexo.

TITICA – fezes, coisa sem valor, excremento de aves.

ZABUMBA – bombo.

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