quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jovem de 23 anos é a primeira aluna do ProUni a ser laureada no Direito da PUC/RS

Quando subiu ao palco para receber o diploma do curso de Direito da PUC, no dia 6, Graciela Duarte Boeira, 23 anos, viu os olhos marejados dos pais que, da primeira fila, assistiam à cena emocionados. Mas seguiu firme. Afinal, era a primeira aluna oriunda do ProUni a receber a láurea acadêmica no curso de Direito da universidade.
Para chegar a aluna destaque, Graciela precisou eliminar inúmeros obstáculos na vida. O primeiro deles, ao nascer. Prematura, enfrentou quase dois meses numa incubadora antes de sair nos braços da mãe, a funcionária pública estadual Maria da Graça Duarte, 63 anos, e do pai, o frentista Valdomiro Ramos Boeira, 50 anos.
– Ela sempre foi determinada. Com três meses já ia para a creche – recorda, emocionada, a mãe.

- Destaque também na oitava série
Sempre atenta à educação da filha, Maria da Graça a inscreveu num sorteio da prefeitura para uma bolsa de estudos na Capital. Aos sete anos, Graciela foi a primeira a ser sorteada e concluiu os ensinos fundamental e médio no Colégio ACM Centro.
– Na oitava série, fui a aluna destaque. Sempre gostei de estudar – disse.
Mas Graciela não conseguiu ser aprovada na Ufrgs para Direito, em 2005. Chorou muito. Mas o apoio da mãe a fez tentar uma nova prova, no inverno. Desta vez, na PUC.
– Disse a ela que era preciso confiar. Quem acredita sempre alcança – comenta Maria.
E Graciela alcançou. A mãe precisou, então, tirar um empréstimo de R$ 1 mil para cobrir as despesas da primeira mensalidade.
– As outras só foram pagas quando conquistei a bolsa pelo ProUni, no final do primeiro semestre. Ganhei porque havia tirado o primeiro lugar no vestibular – conta Graciela.

- Música define a vida
Desde o início da faculdade, a jovem tratou de estagiar na área do Direito. Ao longo dos cinco anos de estudos, a mãe a acompanhou todas as noites à universidade.
– Temia pela segurança dela. Então, saía do serviço às 18h e esperava até o final da aula. Íamos juntas para casa. O pai ficava em casa, fazendo a janta – revela Maria.
No dia da formatura, foi a mãe quem entregou o prêmio de melhor aluna à filha. A láurea é dada ao estudante que alcançar média final geral acima de 9,5.
– Este título me ajudará a seguir o meu caminho: um dia, quero ser juíza do Trabalho. A vida é feita de escolhas e renúncias. É feita de foco – afirma Graciela.
A música que escolheu para subir ao palco (Tá Escrito, do grupo Revelação) resume tudo:
“As vezes a felicidade demora a chegar. Aí é que a gente não pode deixar de sonhar. Guerreiro não foge da luta, não pode correr. Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer”.

- "Sem medo do “bicho-papão"
Nem mesmo um dos testes mais temidos pelos advogados recém formados foi capaz de assustar Graciela. No primeiro exame da OAB que fez, no mês passado, a jovem foi aprovada:
– Quem faz a faculdade é o aluno. Então, estudei muito durante os cinco anos para não fazer feio na prova. Agora, é só esperar a carteira chegar para começar a exercer a profissão.

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