sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Boneca negra vale menos: a única diferença entre as bonecas é a cor da “pele”.


Pequenas economias ou discriminação racial em lojas de brinquedos?
Prezadas e prezados,em época natalina e de revisões para um novo ano, esse é um convite à reflexão!
No dia 3 de dezembro de 2010, ao procurar por bonecas para um curso, na loja de brinquedos da rede Ri Happy do Shopping Higienópolis, solicitei duas bonecas de um mesmo modelo cuja única diferença era a cor, fui surpreendida com uma diferença de preço, sendo a boneca negra mais barata do que a boneca branca. Ao questionar a vendedora fui informada que o preço já é diferente vindo do fornecedor/fabricante; solicitei a presença do gerente. A conversa com o gerente só confirmou as informações anteriores, o preço é diferente mesmo e a única diferença entre as bonecas é a cor da “pele”.
Como consumidora, manifestei a minha contrariedade em pagar por um mesmo produto valores diferentes. Também como mãe, cidadã, pediatra que testemunha e acompanha o desenvolvimento de crianças diariamente, membro do comitê estadual de saúde da população negra e conselheira estadual de direitos da criança e do adolescente do Estado de São Paulo, manifestei minha profunda indignação com tamanha
discriminação. Qualquer resposta ou tentativa de justificativa parece apenas piorar o fato.
Imaginemos uma criança negra entrando com sua mãe em uma loja de brinquedos para comprar uma boneca  de cara nos deparamos com o fato inconteste do diminuto número de bonecas com a cor parecida com a cor da sua pele. Consideremos que ela dê a mesma sorte que eu e exista uma boneca negra a disposição, exatamente igual a branca, porém mais barata, de menor valor comercial. Talvez essa criança hipotética, assim como tantas crianças reais nem perceba que há diferença no preço das bonecas, mas nós adultos, minimamente atentos às desigualdades e iniqüidades existentes principalmente na infância, temos obrigação de perceber e questionar.
Qual será a mensagem que passamos às crianças?
Que elementos oferecemos em um episódio como este para a formação ou a “deformação” da sua auto-imagem e conseqüentemente da sua auto-estima?
Tenho várias hipóteses e um profundo mal estar que me impulsionou a escrever e denunciar o fato, para que muitos leiam e possamos construir um caminho de respeito às diferenças entre as pessoas e respeito ao
direito de crescer livre da discriminação e do preconceito.
Inconformada, no dia seguinte na loja do Shopping Villa Lobos da mesma rede, o incidente repetiu-se. Isso mostra que não são fatos isolados, mas que a rede de lojas Ri Happy, cujo público alvo é a criança,
favorece o processo discriminatório de cunho étnico-racial na comercialização desse item.
Informo que os dois episódios acima relatados culminaram com a compra das bonecas.

Autora
Sandra Regina de Souza

Este episódio relatado por Sandra só vem nos conscientizar de que precisamos estar atentos a este tipo de situação, pois muitos foram educados a não ver o preconceito ou tratá-lo de forma natural. Ficam apáticos e as vezes até tornam-se racistas de si mesmos incoscientemente.
Conheça a sua origem e valorize a sua cor!

2 comentários:

  1. Que elementos oferecemos em um episódio como este para a formação ou a “deformação” da sua auto-imagem e conseqüentemente da sua auto-estima? Precisamos estar atentos a todo momento e muito obrigado por oferecer elementos importantes para a nossa formação étnico cultural! Parabéns por levantar a bandeira do questionamento...

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  2. Se não existe diferença entre as bonecas, compre a mais barata, oras!
    Se o preço for igualado, o maior prejudicado será o consumidor, que pagará mais caro por um produto que vale menos no mercado.
    Tenho certeza que um boneco de uma personagem negra famosa custa bem mais caro do que um boneco de uma personagem branca desconhecida.

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