terça-feira, 27 de julho de 2010

O ritmo das cirandas invade o Estado

O Rio Grande do Sul recebe, a partir de hoje, um patrimônio vivo do estado de Pernambuco: Lia de Itamaracá. A cirandeira carrega consigo o nome da ilha em que nasceu, que faz parte da região metropolitana de Recife e que em tupi significa “pedra que canta”. No entanto, ela garante que a única cirandeira saída de Itamaracá é ela mesma.
Referência nacional e internacional em ciranda, sua música - marca da cultura nordestina e brasileira - será apresentada em oito cidades gaúchas através do programa Arte Sesc - Cultura por toda parte. De um hotel em Joinville, onde também se apresentava pelo Sesc, Lia atendeu a reportagem e esclareceu algumas questões. Conforme a cantora de 66 anos, ela é bastante convidada para participar de projetos itinerantes como esse: “O Sesc disse ‘vem’ e vim embora!”
Lia de Itamaracá explica que o repertório do show é formado por ciranda, coco, maracatu e frevo. Entre os títulos mais conhecidos estão Quem me deu foi Lia, Moça namoradeira e Minha ciranda. O espetáculo tem o mesmo nome do seu último disco, Ciranda de Ritmos, lançado em 2008.
Até novembro do ano passado, a compositora respondia ser merendeira por profissão. Filha de um agricultor e de uma empregada doméstica, ela nasceu e se criou em Recife, ao lado de 13 irmãos. A partir da década de 1980, trabalhou como cozinheira em uma escola estadual na Ilha de Itamaracá. Aproveitando a notoriedade como cirandeira, também atuou como recepcionista do local, guiando turistas. Ela conta que depois que saiu da escola pôde se dedicar mais à música, “ficar mais solta”: “Porque antes, quando saía, tinha que deixar uma pessoa no meu lugar na cozinha. Eu tinha que pagar, tirar do meu salário. Agora não, já tem outra pessoa fixa”.
O nome da cantora veio de uma ciranda que dizia “Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na ilha de Itamaracá” e ficou muito atrelada a Teca Calazans. No entanto, o produtor Beto Hees esclarece que aí mora uma grande polêmica: “A Teca nega a autoria dessa música. Ela está no nome de Antônio Baracho. Teca foi a primeira que gravou, em 1966. Em 1973, gravou Baracho”. Lia só foi gravar a canção no seu primeiro LP, A rainha da ciranda, em 1977.
Sua trajetória na indústria fonográfica é quase estéril. Foi voltar a um estúdio em 2000, com o CD Eu sou Lia e somente depois em 2008, para lançar o álbum Ciranda de ritmos.
A canção que dá nome ao disco de 2000 é outra confusão que rodeia a história da cirandeira. A música Eu sou Lia (Ciranda de Lia) é creditada na internet como sendo de Paulinho da Viola, feita em homenagem à nordestina. Beto Hees explica: “É de Paulo Viola, compositor do Recife. Não é o sambista carioca Paulinho da Viola”.
Ela, que já levou suas cirandas para as principais capitais do País, foi chamada de diva da música negra pelo The New York Times. Em 2008, o jornal americano realizou cobertura de um festival de rock em Pernambuco, do qual Lia participou e teve destaque.
Na sua incursão pelo Sul do País, a cantora diz estar sendo recebida maravilhosamente: “Cada ponto que eu chego, fico emocionada cada vez mais. Sou muito bem tratada, graças a Deus. Estou me sentindo muito feliz e fazendo os outros felizes”. Ela também assegura que o frio não atrapalha o figurino de cirandeira, que tem meia-calça embaixo da saia. “Se precisar, fazemos uma fogueira e fica tudo bem”, responde, otimista, a folclorista que faz todos formarem uma grande ciranda ao final de seus shows - uma roda que une de mãos dadas crianças e adultos.

Shows de Lia de Itamaracá na turnê Ciranda de ritmos
27/07 – Porto Alegre
Local: Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665)
Horário: 20h
Ingressos: R$ 5,00 trabalhadores do comércio, R$ 10,00 classe artística, idosos e estudantes, R$ 16,00 empresários e R$ 20,00 público em geral.

28/07 - São Leopoldo
Local: no Picadeiro Arte Sesc, instalado no Largo Rui Porto (Dom João Becker, s/nº)
Horário: 17h
Ingressos: R$ 5,00 para comerciários (mediante apresentação do cartão Sesc) e R$ 10,00 para o público em geral - até às 14h, o acesso à festa é gratuito.

29/07 - Pelotas
Local: Fábrica Cultural
Horário: 20h
Ingressos: R$ 5,00 para comerciários, idosos, estudantes e professores (todos mediante identificação) e R$ 10,00 para o público em geral.

30/07 - Camaquã
Local: Cine Teatro Coliseu (Duque de Caxias, 190)
Horário: 20h
Ingressos: 1 litro de leite.

  01/08 - Montenegro
Local: Estação da Cultura (Osvaldo Aranha, 2215)
Horário: 15h30min
Ingressos: Entrada franca.

03/08 - Soledade
Local: Centro Cultural de Soledade
Horário: 20h
Ingressos: R$ 2,00 para comerciários e comerciantes e R$ 5,00 para o público em geral.

04/08 - Passo Fundo
Local: Teatro do Sesc (Brasil, 30)
Horário: 20h
Ingressos: R$ 5,00 para trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo (mediante apresentação do Cartão Sesc/Senac) e para idosos e estudantes (mediante identificação), R$ 8,00 para comerciantes (mediante apresentação do Cartão Sesc/Senac) e R$ 10,00 para o público em geral.

05/08 - Ijuí
Local: Área externa do Sesc (Crisanto Leite, 202)
Horário: 20h
Ingressos: Entrada franca.

Fonte: Jornal do Comércio

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